No voo, o sonho não é possível!,
isso já o sabia desde há muito tempo. Sim. O imperativo do voo interdita a habilidade
de sonhar.
No voo, toda a atenção se resume aos
detalhes e aos pormenores da distância que se quer percorrer e as asas abertas,
que se movem compassadamente ou que planam, obrigam a uma concentração do
esforço da mente nesse exercício físico.
E a dimensão imensamente frágil
do sonho exige um aconchego – a gaiola de pássaro é por isso o seu universo absoluto
de existência, pois é só nela que o rasgo do sonho é viável.
Não voa, portanto, o pássaro,
contrariando a natureza do seu ser; porque antes prefere ver o amanhecer –
ilusão súbita de um dia novo que nasce no fundo do seu pensamento - do que
perder esse momento dessa alvorada num esforço inglório de jornada.
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