Inicial

E, então, toda a Beleza

da Natureza

confluiu numa chuva derramada,

nos caminhos, nos campos, e na estrada.


Que multidão?!, assistiu a esta água que caiu,

como bênção que espargiu.




Serenity

28 de janeiro de 2017
O Céu perfeito nasceu

no amanhecer claro deste dia -

em dispersão, nuvens escuras de anil

na linha alaranjada e infinita

do horizonte.














Travessia

Atravesso o Tempo.

Vou atravessando o Tempo.

E a travessia é cada vez mais lenta e suave -

atravesso o Tempo como uma Ave

que nem sabe que o Tempo existe,

mas que ao amanhecer,

a cada dia, assiste.







Nítida Memória

O espaço era imaculado, e branco,

e havia uma multidão em pé,

e, aí, havia um Mistério.


E, a partir daqui, a memória nítida desvanece,

e o ruído ou o silêncio

e o ser ou o não ser

são apenas modos de dizer.



Claríssima memória, de novo, agora -

a Luz!, a eterna Luz!











O pássaro que antes sonha



No voo, o sonho não é possível!, isso já o sabia desde há muito tempo. Sim. O imperativo do voo interdita a habilidade de sonhar.

No voo, toda a atenção se resume aos detalhes e aos pormenores da distância que se quer percorrer e as asas abertas, que se movem compassadamente ou que planam, obrigam a uma concentração do esforço da mente nesse exercício físico.

E a dimensão imensamente frágil do sonho exige um aconchego – a gaiola de pássaro é por isso o seu universo absoluto de existência, pois é só nela que o rasgo do sonho é viável.

Não voa, portanto, o pássaro, contrariando a natureza do seu ser; porque antes prefere ver o amanhecer – ilusão súbita de um dia novo que nasce no fundo do seu pensamento - do que perder esse momento dessa alvorada num esforço inglório de jornada.





Um dia a ir ver o mar

E numa planura de voo,

duas gaivotas deslizam, cortando o espaço,

e rasantes - como incensando

de neblina o horizonte e o brando Céu -

são apenas um estilhaço

dum momento

- de um momento que é o compasso

de um deus!








Vislumbre

Tanto de Planície e tanto de Céu,

que ondula como uma vaga numa maré cheia

este meu inquieto pensamento.


E vaga a vaga, num só momento,

um Poema vivo, sem palavras e nunca escrito,

é o que basta ser dito!






Catedral de Luz

É de Paz este momento fugaz do mais límpido amanhecer. Sonho de viver.