Poema de agosto

É agora o verão.

O eterno verão do pensamento,

que uma Alma laboriosa

busca no Céu firme,

azul magento.


Sem ânsia, nem utopia,

só em realidade

e em prosa,

é límpido cada dia

como um verso

que nasce sem glosa.





Na espiral do tempo

Já mergulhei neste rio.

Mergulho de novo neste rio.

Mas, embora a margem seja a mesma,

são outras as águas deste rio igual e diferente.


Movimento imparável.

Movimento imparável do tempo.

Espiral que é doutra madrugada sempre nova.


E, então, de novo no coração do movimento das águas do rio,

minha Alma colhe outra nova flor e se engrandece

com uma nova Alma em sua prece.





Olhar tranquilo

Que saudade da planície,

eterna e infinita,

Musa perene.


Mas para além vai o meu pensamento,

correndo, momento a momento,

em busca

dessa Paz tão bonita -

a do silêncio dos campos na vista.







Em si o tempo

Entre pérolas e corais,

na súmula da profundidade

e da profusão dos Mares,

é mais livre, mais livre, sem dúvida, o Tempo.


Por isso, cada dia, nessa tremenda imensidão,

nasce, na madrugada, sem pressa

como coisa que Começa.








Num tempo sem tempo

A primeira prece

não deve ter sido senão um rosto

erguido e levantado

como fitando um Horizonte.


Não devem ter havido palavras,

e por isso foi uma autêntica oração,

um diálogo de Coração a Coração.






Monção

Ontem choveu.

Mas a minha memória é já vaga e ténue

dessa chuva que caiu.

Hoje brilha o Sol.

Memória de Sol apenas.


E, por isso, só tenho lembranças de Luz,

ainda que saiba que no correr do dia

pode haver uma manhã sombria.






Catedral de Luz

É de Paz este momento fugaz do mais límpido amanhecer. Sonho de viver.