Na estranha eternidade do tempo

Cerro os olhos e nítida, sempre nítida,

eis a imagem possível de um fragmento do eterno

que eclode no espaço e dentro de Mim -

cada Alma nua, despida, no encontro com a Vida -

e, porque não compreendo,

e, porque o que acontece está para Além do meu Ser

e do Ser de todos os homens, é talvez possível, que seja verdade,

e que uma brecha no Universo se abre,

transcorrendo um fino fio de Luz.


E porque esta é a magia sem fim,

e porque este é o sagrado em Mim,

e porque há um momento de silêncio,

como se o Mundo estivesse prestes a nascer,

acredito, sim acredito, este é em Nós o infinito.














Na quietude

Era ontem o arvoredo silencioso

que agora, neste instante, mesmo, eu vejo?

Sim. Era ontem.


Mas o Tempo ficou imóvel,

não transcorreu,

porque nada do Tempo morreu.





No inesperado...

O cimo da encosta,

e o bando de aves ergue-se e reergue-se,

reergue-se e ergue-se,

pairando, e esvoaça, junto à linha do horizonte.


Um bando de aves que celebra

inesperadamente

o encanto de voar

- voa com ele o meu Coração

ergue-se e reergue-se

como uma bênção.






No gesto de fruição plena

O êxtase. O êxtase.

Por momentos, o êxtase.



O imenso e intraduzível prazer

de ser só minha,

num fragmento de tempo

que gostosamente vou demorando,

a Palavra... a Palavra inicial...


Mas, depois, há que largar,

e solta - livre -

a Palavra é renascida

e vai pelo Mundo

ao encontro de mais Vida.





Catedral de Luz

É de Paz este momento fugaz do mais límpido amanhecer. Sonho de viver.